Enquanto a cachaça brasileira já é a terceira do ranking das mais consumidas em todo o mundo, o Pisco peruano tenta trilhar o mesmo caminho, mesmo que a disputa com o vizinho Chile pela patente atrapalhe esse processo.
Para conhecer de perto a mais tradicional bebida do Peru, visitamos um dos maiores fabricantes e exportadores do Pisco no país, localizado em Tacna, em que a seleção brasileira sub-20 disputa a primeira fase do Sul-Americano sub-20. Diferentemente da cachaça brasileira, que é feita a partir da cana de açúcar, o produto peruano tem como base as uvas colhidas na região.
O Pisco possui quatro tipos básicos (Puro, Itália, Acholado e Mosto Verde), e a distinção acontece a partir do tipo da uva usada e o tempo em que a bebida é fermentada e destilada. Mesmo assim, o teor alcoolico deve obrigatoriamente ficar entre 38% e 46%, deixando aos fabricantes a opção de escolher qual o nível adequado para o seu produto dentro dessa margem.
Apesar de ser a bebida mais popular no Peru, o Pisco também é disputado pelo Chile. Essa rivalidade é tratada como uma verdadeira guerra pelos peruanos, que reivindicam a posse do termo “Pisco” por, segundo eles, a bebida ter surgido na cidade que leva esse nome e, obviamente, fica no Peru.
Já os chilenos, que também são grandes produtores e apreciadores, entendem que o termo Pisco não é um nome próprio do produto, mas sim a denominação comum desse tipo de bebida, como uísque e vinho, por exemplo. Por isso, poderiam explorá-lo sem nenhum problema.
Não existe consenso entre os vizinhos e, muito menos, entre os órgãos internacionais, que se dividem sobre a “paternidade” da bebida. Essa desunião, no entanto, se reflete na balança comercial dos dois países, já que, mesmo com entrada em importantes mercados, como Estados Unidos e Japão, as exportações em 2010 do produto movimentaram apenas US$ 1,9 milhão (R$ 3,1 milhões). A cachaça brasileira, por sua vez, gera cerca de dez vezes mais no exterior e, até por isso, é a grande inspiração para os peruanos.
“Nós já pensamos em ampliar as nossas vendas para diversos países, mas a cachaça acaba sendo um grande concorrente. Mesmo assim, tentamos tirar algumas lições dessa disputa para melhorarmos os nossos números no nível internacional”, explicou Abel Anculle, diretor de vendas da fábrica Don Bosco.
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